terça-feira, 6 de abril de 2010

quando servir interessa

Às vezes é preciso falar mal. Com o mesmo respeito e responsabilidade das linhas "elogiosas", as linhas que criticam devem ser escritas se necessário. Tive uma experiência negativa neste final de semana de Páscoa em São Paulo, que me leva a redigir esta nota por dois objetivos: a coerência com os fatos e a fidelidade com este espaço.

A proposta era simples, numa desafiadora Sexta-feira Santa; bacalhau pro almoço. Nada nem muito complicado nem muito elaborado para uma dúzia (ou mais!) de restaurantes portugueses que existem na cidade. Justo em sua data de maior movimento e, subentendidamente, preparação, certo? Errado! É nessas horas que descobrimos (infelizmente, para o caso em questão) que a aplicação prática de uma teoria pode não ser simples...

Sem mais suspenses, escolhi o a Casota, descrito como pequeno, simpático, aconchegante e fiel restaurante português, localizado em Moema. Ao chegar, tive boa impressão; a casa estava cheia quando já passávamos das cinco da tarde. Não fui bem recebido pelo (depois revelado) filho do dono da casa – e essa já foi a primeira baixa sofrida pela empolgação inicial. Mesmo assim achei que valeria a pena prosseguir.

Depois de aproximadamente quinze minutos fomos convidados a continuar esperando sentados, em uma mesa improvisada. Dali, não foi possível conseguir atenção dos atendentes. E eu pedi para quatro deles! Em breve discussão sobre sair ou continuar tentando decidimos, outra vez, seguir acreditando que tudo seria corrigido. Talvez, se não fosse tão tarde haveríamos desistido daquele lugar.

Finalmente conseguimos uma mesa no salão. Tive que rogar ao tal moço do caixa, mas funcionou. Note-se: aceitando continuar, assumi conscientemente risco e o caso piorava. Os atendentes pareciam perdidos, talvez fossem free lancer é verdade, mas não estavam sequer preocupados em servir – em sua acepção mais rasa e amena – espelhando-se, quem sabe, no ‘modelo’ de preocupação expresso pelo chefe da bancada.

Pedidos feitos, era hora de aguardar e curtir aquele almoço especial. Uma pena que, neste meio tempo, o bolinho de bacalhau veio congelado e perdemos a chance de avaliá-lo como a entrada eleita. Chegou logo mais tarde o prato principal: um espetáculo. Superando as recentíssimas experiências e as já degradadas expectativas.

Mesclando sentimentos de traição e vontade de ajudar (benevolência? paciência? loucura?), dirigi-me ao referido filho do proprietário, descrevendo-lhe os eventos acima, em poucos detalhes. Novamente, e como se eu já não tivesse todas as evidências, fui surpreendido. Falhei ao imaginar que seria ouvido, ou que qualquer uma daquelas queixas pudesse ser recebida como informação valiosa, pra fazer jus àquela história das oportunidades (de melhoria) identificadas. O cidadão reagiu como se eu e os outros ocupantes do recinto fôssemos os seus problemas. Inacreditável-inadvertidamente ouvi: “também, está a maior muvuca isso aqui hoje!”, de forma tal como se esta ufania colaborasse com uma azeitona para a resolução do caso.

Paguei a não barata conta satisfeito com o bacalhau, desapontado com o atendimento, surpreso com a junção de péssima qualidade de serviço e o zero interesse em fazer diferente. Mas sai dali certo de que aquele é um lugar para não voltar. Nem recomendar!

Ora pois.

3 comentários:

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  2. Valeu pela dica e pelo incentivo a continuar com minha preferência de comer em casa (ou na casa dos outros).
    Além de poder curtir um raro momento em casa e preparar o que gosto, acho um bom exercício de socialização, e em caso de mais uma pessoa, de trabalho em equipe.
    E ficando em casa evito coisas que de uns anos para cá são um inferno para mim: muvuca, barulho, e o pior, paracer que estou fazendo favor comendo e pagando um restaurante!!!
    Enfim, gosto é gosto! Abraço

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  3. Carloni, tenho 50% de sangue português e então posso fazer esta pergunta: você já viu algum português gentil e educado? Eu conheço UM e não é parente meu. Acho que a fama de burros vem do fato dos lusitanos não terem "jogo de cintura", levarem tudo ao pé da letra e serem cabeça dura ao extremo. Provavelmente quando você reclamou com o dono o pensamento dele foi "não está satisfeito, pois que vá embora!".

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